Cocriação de/ Cocreation by/ Kokreation von Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva e Carolina Dominguez
[PT] Residência Artística
de 3 a 8 de Dezembro de 2023
na sede da Associação Cultural e Ecológica Palettentheater Kollektiv
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[DE] bitte siehe unten
Aberto ao público, gratuito e sem limite de idade ou grau de escolaridade:
Oficina de Escrita para Teatro à Volta de Um Tacho a 6 de Dezembro, das 10:00 às 18:00 horas*
Apresentação pública da residência em lugar a determinar e streaming em plataforma a anunciar a 7 de Dezembro pelas 14:00 horas
Distribuição da Palet 4, a nossa DRAMAzine anual, a 6 e 7 de Dezembro aquando da oficina e da apresentação
*em português com possibilidade de tradução simultânea para inglês e/ou alemão
Em 2025 celebrar-se-á o ano do centenário do nascimento de Luiz Pacheco; a sua vida e obra são agora objecto de um estudo levado a cabo por Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva, Carolina Dominguez e o nosso colectivo. Também em colaboração com o artista plástico Pedro Paiva, a Galeria Zé dos Bois, o Teatro do Bairro, o Teatro Municipal de Almada Joaquim Benite e a editora Snob, os artistas pretendem “promover não só uma visão exterior do poeta Luiz Pacheco, mas também divulgar o seu trabalho e a literatura portuguesa fora de Portugal [e de Lisboa]” - esforço este em que muito nos alegramos de poder empenhar-nos, em simultâneo com a construção da nossa sede no Está Bem (numa das freguesias do distrito em que o isolamento é uma realidade quotidiana, num dos concelhos do país com maior escassez de água e abertura de novos furos ilegais, naquele em que maior área ardeu em 2023).
O espectáculo MORTO O CÃO, ACABOU-SE A FÚRIA - A Vida de Luiz Pacheco, co-financiado pela DGARTES e com estreia prevista para 2024, será também construído a partir das conversas públicas que queremos proporcionar junto à ribeira de Telhares e à estação ferroviária de Santa Clara Sabóia. Vimos convidar os nossos vizinhos, a população das freguesias de Sabóia e de Santa-Clara-a-Velha, bem como qualquer interessado não residente no interior-serra ou sequer na região do baixo Alentejo, a participar numa oficina de escrita para teatro, literalmente, em torno da confecção e degustação comunitária de um prato típico português de variante vegetariana, parcialmente, sazonal, biológica e regional. Esta oficina inaugura o debate, inerente ao desenvolvimento do processo de criação do referido espectáculo, dos temas “da edição artística, literária e teatral na contemporaneidade, bem como de outras questões que se levantem e impregnem o texto/espectáculo (tais como descentralização, sensitive reading, prática artística, ecologia, etc), fazendo ponte também com o percurso de vida e obra de Luiz Pacheco”.
A nós interessa-nos, como ponto de partida, questionar porque pouco ou nada ouvíramos falar deste artista paradoxal e singularíssimo. Em que medida o lamaçal da sua existência dispersa ou a presença cristalina, na sua obra, de concretas máculas humanas - por ventura, de ordem de ética elementar - terão determinado que o escritor fundador do seu próprio movimento artístico (o neo-abjeccionismo), diarista e epistológrafo, sarcástico crítico literário, importante tradutor e imprescindível editor, tão caro aos surrealistas de Lisboa e a todos aqueles que combateram a ditadura e a moral católico-patriarcal que, pelo menos de 1926 a 1974, regularam a vida pública como privada no nosso país, se tornasse proscrito da história da literatura nacional e que nem sequer conste, em nenhuma das suas capacidades, do Dicionário de Literaturas [Portuguesa, Galega e Brasileira] de Jacinto do Prado Coelho (edição de 1997, a quarta)? Constituirá Luiz Pacheco o caso original da cultura de cancelamento no Portugal pós 25 de Abril ou tratar-se-á a omissão de mero exemplo de tacanho despeito? Como nos posicionamos nós mesmos que nascemos, crescemos e existimos, crendo-nos mais livres, ainda, entre as gerações herdeiras e revivalistas da censura?
E importa isto aos locais? Aos nossos vizinhos de todas as idades, trabalhadores da terra, explorados e exploradores, reformados, desempregados, desocupados, dos estudantes dependentes da carreira diária aos nómadas digitais, passando pelos migrantes da agricultura intensiva, todos residentes no concelho de Odemira, coexistindo em pleno abandono contemporâneo do mundo rural? Claro que sim, pensamos nós.
A oficina que oferecemos, gratuita e sem limite de idade, grau de escolaridade ou língua materna, comporta, no entanto, limitação de disponibilidade de lugares, pelo que aconselhamos o contacto para inscrição e/ou qualquer pedido de esclarecimentos, com a maior brevidade possível, através de e-mail em info@palettentheaterkollektiv.com ou telefone +351-924399077.
Rita Ferreira e Luís Gabriel
Na imagem, Bobi, rafeiro alentejano, nascido a 11 de maio de 1992, tinha 31 anos e vivia na aldeia de Conqueiros, em Leiria.
"Foi uma luta dura e só um guerreiro como ele podia ter aguentado este tempo”, conta o dono, Leonel”.
In SIC Notícias
Luiz Pacheco foi tudo na cultura portuguesa. Um escritor diferenciado, um editor requintado e um selvático polemista. Luiz Pacheco foi o cão, ou seja, a consciência da cultura portuguesa e levantou a voz quando escritores oficiais ou panfletários eram a norma. O percurso de Luiz Pacheco foi uma viagem política, estética e até geográfica de um proscrito, de um exilado interno e de um degenerado.
Que significam hoje todas estas palavras no meio da cultura?
Pode a cultura actual olhar para uma figura tão complexa e autêntica?
Porque é que temos a sensação de que autores como este aconteciam noutros tempos?
Como vive hoje essa sintaxe, o que podemos ter no nosso corpo dessa voz torcida até ao limite?
Cláudio da Silva, o actor da peça a construir, contém em si mesmo todas estas complexidades, esta lucidez física sobre uma época sem ideias fortes. Por outras palavras, Cláudio da Silva será o escritor no seu laboratório, na sua oficina, nas suas peregrinações, na sua busca desesperada por amor e corpos. Homens e mulheres, jovens e velhos. Diz-se que Pacheco gostou de tudo. Estamos certos de que Pacheco seguiu uma poética e seguiu um plano em cada passo que deu. Seguiu a sua fome pela vida e pela pele. Seguiu a sua vitalidade extrema e desesperada. A geografia de Pacheco é a de uma Lisboa que se estende. Só deixou Portugal uma vez na vida mas era um libertino, um comunista e um anarquista. Luiz Pacheco foi a medida da cultura portuguesa durante mais de 50 anos. Luiz Pacheco despiu-se e diz que não precisa de nada, mas precisa de tudo. E é essa atenção o que o caos lhe oferece. De facto, esta vida e este espectáculo são a história de uma queda, de um corpo que é derrotado pelo tempo e pela escrita. Poeta Armando de Cláudio da Silva é, para além de uma forma alternativa de criação e produção teatral, uma forma alternativa de edição de poesia. Hoje o poeta Armando existe. Existe em várias plataformas de internet e foi editado teatralmente em vários locais de Lisboa e não só. Sempre na periferia dos circuitos artísticos e de produção artística, Poeta Armando é o resultado do "work in progress mais longo da história", como diria Rui Catalão, e foi sendo criado por, com o apoio de bares do Bairro Alto e Alfama, da Casa Independente, do Teatro do Bairro, da Bienal de Arquitectura e de Sociedades Recreativas. O poeta Armando, tal como Pacheco, é um poeta proscrito. Interessa-lhe, também, e enfrenta, também, as dificuldades na edição de vozes dissonantes.
"Passava pela Morais Soares / com toda a força poética nas mãos / quando uma portuguesa velha parou à minha frente, / olhou-me / e disse-me: / lá estás tu com todo esse papel na mão, / é p'ra comer ou p'ra limpar o cú?”
Poeta Armando
Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva, Carolina Dominguez
[EN] THE DOG IS DEAD, THE RAGE IS OVER
- The Life of Luiz Pacheco
Cocreation by Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva and Carolina Dominguez
Artist Residency from December 3 to 8, 2023
at the headquarters of the Cultural and Ecological Association Palettentheater Kollektiv
Open to the public, free of charge and with no age or education level limit:
Writing Workshop for Theater Around a Pot on December 6, from 10:00 a.m. to 6:00 p.m.*
Public presentation of the residency at a place to be determined and streaming on a platform to be announced on December 7 at 2:00 p.m.
Distribution of Palet 4, our annual DRAMAzine, on December 6 and 7 at the workshop and presentation
*in Portuguese with the possibility of simultaneous translation into English and/or German
The workshop we are offering, which is free of charge and has no age, education level or mother tongue limits, does have however limited places, so we advise you to contact us as soon as possible to sign up and/or to request any further information by email at info@palettentheaterkollektiv.com or by telephone at +351-924399077.
[DE] DER HUND IST TOT, DIE WUT IST VORBEI
- Das Leben von Luiz Pacheco
Kokreation von Pablo Fidalgo Lareo, Cláudio da Silva und Carolina Dominguez
Künstlerische Residenz vom 3. bis 8. Dezember 2023
in den Vereinsräumen des Kultur- und Ökologievereins Palettentheater Kollektiv
Offen für das Publikum, kostenlos und ohne Alters- oder Bildungsbeschränkung:
Schreibwerkstatt für Theater um einen Topf am 6. Dezember von 10:00 bis 18:00 Uhr *
Öffentliche Präsentation der Residenz an einem noch zu bestimmenden Ort und Streaming auf einer noch anzugebenden Plattform am 7. Dezember um 14:00 Uhr.
Verteilung des Paletes 4, unseres jährlichen DRAMAzine, am 6. und 7. Dezember während des Workshops und der Präsentation
*auf Portugiesisch mit der Möglichkeit der Simultanübersetzung ins Englische und/oder Deutsche
Der von uns angebotene Workshop, der kostenlos ist und keine Alters-, Bildungs- oder Muttersprachenbeschränkung hat, verfügt jedoch nur über eine begrenzte Anzahl von Plätzen. Wir raten daher, uns so bald wie möglich zu kontaktieren, um sich anzumelden und/oder weitere Informationen zu erhalten, per E-Mail an info@palettentheaterkollektiv.com oder telefonisch unter +351-924399077.
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