No início da Primavera de 2020, tornara-se visível a vitalidade de todo um novo sistema de fauna e flora, das ervas às flores, dos arbustos às árvores, dos canteiros aos prados centrais, passando pelos vasos, pelos muros e pelo gradeamento de separação com o pátio contíguo ainda em obras. O crescimento saudável das espécies fazia crer num equilíbrio alcançado. Tínhamos pássaros e insectos especialistas, as várias áreas destinadas à co-habitação humana também tinham sido, gradualmente, mobiladas e dispostas tendo em conta a exposição solar adequada à variedade de actividades dos residentes.
Quando o Covid-19 primeiro nos remeteu a todos a prolongadas quarentenas nos edifícios, o jardim constituiu um verdadeiro oásis de refúgio para vizinhos nunca dantes vistos, prolongando também o tempo de permanência daqueles que já o frequentavam, como os trabalhadores de um dos escritórios, que passaram, nomeadamente, a receber clientes no espaço comum onde continuávamos sozinhos a cuidar do solo, dos seus animais e plantas, bem como da revitalização de maior área de ladrilhado e da manutenção das muitas estruturas e equipamentos que adquirimos, recolhemos, transformámos ou construímos. Uma vez confinados, começámos também um trabalho de pesquisa e colaborações artísticas incidentes no próprio espaço.